Doença Renal Crônica (DRC)

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A doença renal crônica (DRC) é definida como lesão renal onde a função renal é reduzida por um período de 3 meses ou mais, independentemente da causa. Ela também é conhecida com injúria renal crônica. No Brasil, cerca de dez milhões de pessoas têm alguma disfunção renal. A prevalência de doença renal crônica é de 50/100.000 habitantes, inferior ao que é visto em outros países, o que pode sugerir que seja uma doença subdiagnosticada no nosso meio. De acordo com o último censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia existem em torno de 100 mil brasileiros em diálise, com uma taxa de internação hospitalar de 4,6% ao mês e uma taxa de mortalidade 17% ao ano. A grande maioria dos pacientes falece sem sequer ter acesso a essa terapia, por falta de diagnóstico. Por isso a importância de procurar um nefrologista quando sentir algum desconforto ou sintoma relacionado aos descritos abaixo.

Aspectos clínicos

Como a instalação da doença renal crônica (DRC) se dá de forma lenta, o nosso organismo vai se adaptando a este mau funcionamento dos rins, fazendo com que não tenhamos sinais ou sintomas até fases tardias da doença. A principal característica da DRC é ser uma doença silenciosa. 

Vale ressaltar que não se pode esperar uma sensação dolorosa ou redução de volume de urina para suspeitar de um rim doente (ao contrário do que muitas pessoas pensam). O rim apresenta pouca inervação para dor e por isso só dói quando está inflamado ou dilatado. Como na maioria dos casos de doença renal crônica nem um nem outro ocorrem, o paciente pode muito bem descobrir que precisa de diálise sem nem sequer ter sentido uma única dor renal na vida. Por conta disso, na maioria dos casos, até fases bem avançadas da doença, a insuficiência renal crônica não causa nenhum sintoma ou sinal.

Quando sintomático, o paciente pode relatar sintomas associados à doença de base (diabetes e hipertensão arterial, por exemplo). Porém, em quadros de insuficiência renal crônica em fases avançadas, o paciente já se ressente de disfunção renal, podendo apresentar anemia, aumento de pressão arterial e edema de membros inferiores. Caso a doença renal crônica esteja em sua fase terminal, o paciente estará intensamente sintomático, podendo relatar cansaço aos esforços, náuseas e vômitos, perda de apetite, emagrecimento, falta de ar, hálito forte (com cheiro de urina) e edemas generalizados.

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Diagnóstico da Doença renal crônica

O diagnóstico precoce da DRC precisa do risco de progressão e do declínio da função renal, para isso o nefrologista precisa verificar como está a filtração glomerular do paciente, ela reflete como os rins estão funcionando e de acordo com o quanto ele está trabalhando a doença renal é descrita em estágios no qual o estágio 0 o paciente apresenta apenas risco, mas os seus rins não apresentam lesão e no estágio 5 o mais avançando o doente já não mais apresenta as funções renais em funcionamento. Na tabela seguinte está descrito os estágios com a respectiva filtração glomerular presente.


Estágio

Filtração glomerular (mL/min)

Grau de insuficiência renal

0

>90

Grupo de risco para DRC

Ausência de lesão renal

1

>90

Lesão renal com função renal normal

2

60-89

IR leve ou funcional

3

30-59

IR moderada ou laboratorial

4

15-29

IR severa ou clínica

5

<15

IR terminal ou dialítica




Para diagnosticar, são feitos exames de sangue e urina, ultrassonografia e, algumas vezes, biópsia. Os exames de sangue e urina são essenciais, pois confirmam a diminuição da função renal. 

Quando a perda da função renal alcança um certo nível da doença renal crônica, os níveis dos químicos no sangue tipicamente se tornam anormais. 

  • Ureia e creatinina, resíduos metabólicos normalmente filtrados pelos rins, estão aumentados. 
  • O sangue fica moderadamente acídico.
  • É frequente que o potássio no sangue esteja normal ou levemente aumentado, mas ele pode se tornar perigosamente elevado.
  • Os níveis de fosfato e de hormônio da paratireoide aumentam.
  • Em geral a hemoglobina está diminuída (o que significa que a pessoa tem um certo grau de anemia). 

O nível de potássio pode tornar-se perigosamente elevado quando a insuficiência renal atinge um estágio avançado ou se as pessoas ingerem grandes quantidades de potássio, ou tomam um medicamento para evitar que os rins excretem o potássio.

A análise da urina pode detectar muitas anormalidades, que englobam proteínas e as células anormais.

A ultrassonografia é frequentemente realizada para excluir a obstrução e verificar o tamanho dos rins. Rins pequenos e com cicatrizes frequentemente indicam que a perda da função renal é crônica. Fica cada vez mais difícil determinar uma causa exata, à medida que a doença renal alcança um estágio avançado.

A remoção de uma amostra do tecido do rim para exame (biópsia renal) pode ser o exame mais exato, mas não é recomendável se os resultados de uma ultrassonografia mostrarem que os rins estão pequenos e têm cicatrizes.


Tratamento 

Quando o paciente é diagnosticado com Doença Renal Crônica (DRC), o médico vai fazer de tudo para conservar seus rins funcionando até onde for possível, faz então um tratamento conservador. Quando chega num momento crítico de insuficiência renal, ele escolhe então a melhor opção de tratamento que faça a mesma função do rim (uma terapia de substituição renal): hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante. 

O melhor tipo de tratamento para cada paciente é indicado pelo médico nefrologista e pode variar a depender do seu contexto de vida, como sua idade, presença de outras doenças, a causa da DRC, fatores socioeconômicos, etc.



Tratamento conservador

5 dicas de alimentação para manter os rins saudáveis - CenárioMT

Disponível em: <http://encurtador.com.br/jtJ05>



Essa modalidade tem início assim que é feito o diagnóstico, e desacelera a evolução da doença, preservando a função renal por mais tempo. São tomadas todas as medidas clínicas possíveis para que o rim seja preservado, para retardar sua falência. Dentre elas estão: controlar adequadamente a pressão arterial, o colesterol, a quantidade de glicose e de potássio no sangue com a implementação de uma dieta com restrição de sal, carboidratos, gorduras e alimentos ricos em potássio; interrupção do tabagismo; uso de medicamentos para diminuir o inchaço e a perda de proteína na urina; tratamento da anemia, da acidose sanguínea e dos distúrbios ósseos e minerais associados à doença renal crônica.


Hemodiálise e diálise peritoneal

PREPARAÇÃO PARA DIÁLISE | Médica dos Rins – Dra. Gizele

Disponível em: http://encurtador.com.br/hqsM5



Existem dois tipos de diálise: a hemodiálise e a diálise peritoneal. Ambas são igualmente eficientes e a escolha depende das condições clínicas do paciente.

Na hemodiálise, o sangue é filtrado em uma máquina de diálise onde são retiradas as impurezas e o excesso de sal e líquidos do sangue. É feita três vezes por semana, em clínicas e centros de diálise e tem duração de 4 horas.

Já na diálise peritoneal, o sangue é filtrado no próprio corpo do paciente, na cavidade abdominal. Um cateter é implantado próximo ao umbigo por uma pequena cirurgia. Por esse tubo flexível se passa um líquido de diálise que é colocado dentro do abdome do paciente e deixado lá por um tempo para absorver as impurezas do sangue. Mais tarde no mesmo dia, o fluido com impurezas é drenado para uma bolsa e substituído por um fluido novo. São feitas 4 trocas de bolsas por dia, durando 30 minutos cada troca. Esse procedimento pode ser feito em casa (depois que o paciente receber treino adequado para fazer sozinho). Essa modalidade é recomendada para crianças, principalmente por permitir frequentar a escola, e também para pacientes com problemas vasculares ou cardíacos.



Transplante renal

 

Desenho de um rim transplantado


Disponível em: <http://encurtador.com.br/pyE67>

Um novo rim saudável, vindo de um doador vivo ou falecido, é transplantado por cirurgia para o paciente com DRC avançada, para cumprir o papel dos seus rins doentes que não conseguem mais fazer a limpeza adequada do sangue. A pessoa continua com seus rins no corpo, e eles só são removidos se estiverem causando infecção ou hipertensão. Essa modalidade de tratamento permite uma melhor qualidade de vida e liberdade diária para o paciente, que não dependerá mais de diálise. O rim transplantado pode permanecer funcionando normalmente por até 10 anos, com o uso correto de medicamentos que impedem a rejeição pelo sistema imunológico.


Cuidados paliativos

Pacientes com Doença Renal Crônica avançada (DRC) apresentam muitos sintomas físicos e psicológicos estressante, semelhante ao que ocorre em outras doenças como o câncer. Neste sentido, os cuidados paliativos é uma abordagem que aprimora a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias, que enfrentam problemas associados com doenças ameaçadoras de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual. Uma equipe multiprofissional de cuidados paliativos vai acompanhar o paciente e sua família durante todas as etapas da doença, desde o início no diagnóstico e durante sua evolução. Os cuidados paliativos podem ser oferecidos no hospital, em clínicas ou ainda no domicílio do paciente.

Os principais objetivos de um plano de cuidados paliativos bem estruturado são: 

1. Aliviar a dor e demais sintomas angustiantes;

2. Encarar a vida e a morte como um processo normal e natural; 

3. Não apressar nem adiar a morte; 

4. Integrar os aspectos psicológicos e espirituais na assistência ao paciente; 

5. Garantir suporte de ajuda no processo de enfrentamento da família durante a doença e o período de luto; 

6. Disponibilizar uma equipe multiprofissional para atender às necessidades do paciente e da família, inclusive no período de luto; 

7. Melhorar a qualidade de vida, procurando influir positivamente no curso da doença; e 

8. Compreender e manejar melhor as complicações clínicas angustiantes, seja de maneira isolada ou em associação com outros tratamentos convencionais, ou não convencionais.



Referências:

TAVARES, A. P. S. et al. Cuidados de suporte renal: uma atualização da situação atual dos cuidados paliativos em pacientes com DRC. J. Bras. Nefrol., São Paulo, 2020.

CASTRO, M. C. M. Tratamento conservador de paciente com doença renal crônica que renuncia à diálise. Braz. J. Nephrol. vol. 41. n1. p. 95-102, 2019.

Tratamento Conservador. Sociedade brasileira de nefrologia. Disponível em: <http://encurtador.com.br/kwvw3>. Acesso em outubro de 2020.

Transplante Renal. Sociedade brasileira de nefrologia. Disponível em: http://encurtador.com.br/ehika. Acesso em outubro de 2020.

Diálise Peritoneal. Sociedade brasileira de nefrologia. Disponível em: http://encurtador.com.br/fswt6. Acesso em outubro de 2020.

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